Ao contrário do que muitos pensam, não se trata apenas de um problema resultante da falta de experiência. A ejaculação precoce pode afetar homens de todas as idades, até os que nunca sofreram de tal. Frequentemente, torna-se motivo de piadas e ridicularização, dificultando a procura de ajuda.
Pode ser explicada como a incapacidade de um homem atrasar o orgasmo e a ejaculação (na gíria, “vir-se”) de forma a que ambos os envolvidos possam desfrutar de uma experiência sexual satisfatória (sem que existam outros problemas sexuais que possam causar a disfunção).
Trata-se de uma sensação vivida pelo homem de que o período de tempo desde a penetração à ejaculação é demasiado curto, de que é incapaz de ter controlo sobre a sua ejaculação. Está associada a preocupação e/ou sofrimento por parte de quem dela sofre.
Convencionalmente, os autores definem o problema para ejaculações que ocorram até 1 a 2 minutos após a penetração, ou antes. Porém, não existe uma duração do ato sexual até ejacular dito como normal, sendo importante referir que o tempo até ejacular pode variar de pessoa para pessoa e de acordo com situações ou fases da vida.
A televisão e os filmes não ajudam quando retratam cenas sexuais em que casais (tipicamente heterossexuais) com muito boa aparência mantêm o ato sexual de forma ininterrupta durante um considerável período de tempo, enquanto o homem mantém um ar bastante confiante e a mulher atinge múltiplos orgasmos.
Na vida real as coisas não são assim! A duração média do ato sexual (desde a penetração ao orgasmo) ronda em média os 5 minutos, embora possa variar consideravelmente.
Desde que o ato seja satisfatório para ambos parceiros, o tempo não deverá ser visto como um problema. Trinta segundos de intensa excitação e intimidade são melhores do que 10 minutos de rotina e aborrecimento!
Apesar de existir tratamento farmacológico, a primeira abordagem deverá passar por medidas não farmacológicas:
Muitas vezes esta está relacionada com a reduzida frequência ou experiência sexual, com medos associados ao sexo e com falsas expectativas de fracasso que se criam.
Os homens com ejaculação precoce centram a sua atenção no tempo do ato sexual e assumem que o parceiro/a tem o mesmo foco, esquecendo-se que este poderá não ter a mesma preocupação e estar mais interessado em outros aspetos da relação (beijar, tocar, agarrar, abraçar, preliminares).
Algumas técnicas que poderá aplicar:
1. Pratique técnicas de relaxamento (como o ioga);
2. Durante o ato, abstraia-se com pensamentos não-sexuais e pouco estimulantes;
3. Opte por posições que exerçam menor pressão nos orgãos genitais (evite a posição de missionário, por exemplo);
4. Aplique a técnica do “parar e recomeçar”: pedindo para parar o contacto sexual numa fase imediatamente anterior à fase de clímax (em que não há possibilidade de retroceder, e à qual se segue a ejaculação), permitindo que o seu nível de excitação diminua ligeiramente (digamos, durante meio minuto), retomando depois e repetindo o processo de parar quando sentir que se está a aproximar de novo do ponto de ejaculação;
5. Técnica da “compressão”: consiste em comprimir firmemente e durante cerca de 10 segundos a base da glande do pénis utilizando os dedos médio, indicador e polegar. Deve ser aplicada imediatamente antes da ejaculação e após ter cessado qualquer estimulação do pénis, reduzindo assim a resposta reflexa da ejaculação, podendo após recomeçar a estimulação e repetir o processo caso seja necessário;
6. Masturbe-se antes da relação sexual: cerca de uma a duas horas antes, o que lhe permitirá reduzir os níveis de excitabilidade e alongar o tempo de inevitabilidade ejaculatória;
7. Utilize preservativo: dando preferência aos que apresentam propriedades retardantes pela redução da sensibilidade peniana que provocam.
Através destas técnicas vai adquirir a capacidade de identificar o seu intervalo médio de excitação, passando por uma série de exercícios graduais que começam com a auto-estimulação, seguindo para a estimulação manual pelo parceiro/a, contacto genital sem movimento e, finalmente, contacto com movimento. Este processo gradualmente aumenta o tempo de latência de ejaculação, a confiança sexual e a autoestima.
Envolva o parceiro/a sexual no tratamento:
Os indivíduos com ejaculação precoce têm demonstrado maiores dificuldades em se relacionarem com os outros, do que os indivíduos saudáveis.
Caso esteja numa relação, incluir o parceiro/a no processo de tratamento poderá ser importante, mas não obrigatório, para o sucesso do tratamento. Porém, sabe-se que aumenta a eficácia do tratamento e melhora, não só a relação sexual do casal, mas também, outros aspetos da relação.
Deverá falar do que gosta e não gosta na relação e não tentar fazê-lo adivinhar. Deve também perguntar-lhe sobre os gostos dele.
Psicoterapia e outras intervenções psicológicas:
Poderão ser dirigidas unicamente ao indivíduo ou ao casal e têm dois objetivos principais. O primeiro, ajudar a desenvolver a capacidade de retardar a ejaculação, aumentar a autoconfiança no desempenho sexual, diminuir a ansiedade de performance e alargar os papéis na relação sexual. O segundo foca-se em resolver problemas psicológicos e interpessoais, do indivíduo, parceiro/a ou casal, que poderão ser fatores precipitantes, de manutenção ou causados pela ejaculação precoce.
Entre os fatores identificados, podemos ter fatores associados ao doente (ansiedade de performance e autoconfiança); associados ao parceiro/a (disfunção sexual do parceiro/a); associados ao casal (conflitualidade ou ausência de comunicação); associados à relação sexual (papéis na relação, satisfação sexual); fatores ambientais (eventos de stress relacionados com o dia a dia).
Os modelos atuais de psicoterapia na ejaculação precoce preconizam terapias breves e integrativas (cognitivo-comportamental, psicodinâmica e sistémica), sendo que o tratamento pode ser individual, de casal ou grupo.
No geral, tratam-se de intervenções eficazes e suficientes, numa boa parte dos casos, que procuram alcançar uma melhoria da auto-confiança e autoestima individuais, bem como, uma melhoria na comunicação do casal.
DISFUNÇÃO ERÉCTIL
O que é?
A disfunção erétil, é a incapacidade recorrente em atingir e manter uma ereção que permita uma vivência sexual satisfatória. Anteriormente chamada de impotência, termo que foi substituído dado o seu cariz inespecífico e estigmatizante.
Quão comum é?
Trata-se de uma situação comum e que tende a aumentar com a idade. No mundo, pensa-se que 1 em cada 10 homens possa sofrer de disfunção erétil.
O que causa a disfunção erétil?
A disfunção erétil pode ser causada por alterações físicas e/ou psicológicas.
Qualquer homem pode experienciar ao longo da vida algum grau de disfunção erétil. Alguns casos podem resultar de stress, cansaço, ansiedade e/ou consumos excessivo de bebidas alcoólicas. Contudo, a preocupação com esta “falha” inicial leva muitas vezes ao medo de “falhas” futuras levando a uma preocupação excessiva com a perda de ereção que ocorreu, não sendo o homem capaz de desfrutar da relação sexual.
Quais as causas físicas de disfunção erétil?
A disfunção erétil de causa física tem geralmente um aparecimento gradual e tende a ocorrer em todo o tipo de atividade sexual.
Algumas causas físicas incluem:
o Fatores de risco para doenças cardiovasculares (Diabetes, Tabaco, Síndrome Metabólico, Obesidade, Inatividade física).
o Condições que alteram a condução nervosa (Acidentes Vasculares Cerebrais, Cirurgia pélvica, Diabetes e/ou Lesões graves de nervos).
o Doenças crónicas como insuficiência renal ou hepática.
o Efeitos adversos de alguns medicamentos prescritos.
o Bebidas alcoólicas (e outras substâncias aditivas).
Quais as causas psicológicas de disfunção erétil?
A disfunção erétil que surge repentinamente e em homens que conseguem manter a ereção em algumas situações sugere uma causa psicológica, sendo por vezes fácil identificar o fator responsável.
Algumas causas psicológicas incluem:
o Stress ou ansiedade com a vida pessoal e/ou profissional.
o Conflitos conjugais.
o Tristeza.
o Diminuição do desejo.
o Questões relacionadas com a orientação sexual.
o Preocupações excessivas com o corpo.
o Mitos sobre o funcionamento sexual.
O que deve fazer se suspeitar de disfunção erétil?
As alterações do estilo de vida (exercício, dieta, diminuir consumo de álcool, deixar de fumar) podem ser iniciadas enquanto procura ajuda junto do profissional.
É importante relembrar que nos últimos anos têm surgido tratamentos inovadores e eficazes para a disfunção erétil.
Não adquira medicação/tratamentos (nomeadamente pela internet) sem prescrição médica e sem averiguar os fatores contribuintes.
Devo discutir o caso com a minha cara metade?
Sim. Um homem pode sentir muita pressão para ter uma boa “performance” o que pode levar/agravar a disfunção erétil.
Discutir esta situação com a outra pessoa pode melhorar a situação.
A idade é um impedimento para procurar ajuda?
Não. O envelhecimento aumenta o risco de disfunção erétil, mas é a vergonha, e não a idade, que é a maior barreira à procura de ajuda.
PERTURBAÇÃO DO DESEJO SEXUAL MASCULINO HIPOATIVO
O que é?
A Perturbação do Desejo Masculino Hipoativo caracteriza-se pela diminuição ou ausência total de interesse pela atividade sexual (pensamentos, fantasias sexuais ou comportamentos) que se prolonga no tempo e conduz a angústia e sofrimento.
Podemos considerar os seguintes três subtipos de Perturbação do Desejo Masculino Hipoativo:
– Adquirida e situacional: o homem anteriormente tinha desejo sexual com o/a atual parceiro/a mas agora não tem interesse sexual nele/a embora mantenha desejo sexual (sozinho ou com alguém que não o/a atual parceiro/a). Segundo especialistas, parece tratar-se do subtipo mais comum;
– Adquirida e generalizada: o homem anteriormente tinha desejo sexual com o/a atual parceiro/a mas atualmente não tem (com o/a parceiro/a ou sozinho);
– Primária e generalizada: o homem tem pouco ou nenhum desejo sexual (com o/a parceiro/a ou sozinho) e nunca teve;
Qual é a causa?
Existem vários fatores que afetam a atividade sexual, como a idade ou o contexto sociocultural em que a pessoa se insere.
A Perturbação do Desejo Masculino Hipoativo pode ou não ter uma causa claramente identificada.
Possíveis causas incluem:
– alterações nos níveis de hormonas sexuais, como níveis baixos de testosterona ou níveis elevados de prolactina;
– doenças como insuficiência renal crónica, doença hepática crónica, status pós-AVC, doença de Parkinson, infecção por VIH ou como efeito adverso a alguns tratamentos; pode surgir particularmente como sintoma de depressão ou associada a alguns tratamentos antidepressivos
– conflitos ou dificuldades na intimidade com o parceiro/a, aspetos culturais relacionados com crenças sexuais restritivas, pensamentos ou emoções negativas durante a atividade sexual
Como é feito o diagnóstico?
Na maior parte dos casos o homem identifica uma alteração no padrão habitual de desejo sexual e é desta forma que o problema é identificado.
Após a procura de ajuda, o profissional procede a uma colheita pormenorizada de elementos na entrevista com a pessoa, incluindo história de doenças, história sexual e
fatores psicológicos, que possam estar relacionados com o problema.
A realização de um exame físico mais rigoroso e o recurso a exames complementares em casos em que considere necessário também podem auxiliar no diagnóstico.
Qual é o tratamento?
O tratamento da Perturbação do Desejo Masculino Hipoativo deve ter em conta aspetos biológicos, psicológicos e sociais e deve ser dirigido à causa sempre que
identificada isto é, terapêutica dirigida quando são detetadas alterações hormonais; tratamento da doença (por exemplo, tratamento da depressão) ou substituição/revisão do
medicamento que se considera estar a causar o problema; aconselhamento psicossexual e comportamental, encorajando a pessoa a explorar as suas próprias crenças e
pensamentos sobre a sua sexualidade e a trabalhar as suas atitudes relativamente à atividade sexual.